INTEGRANTES

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JEAN PIAGET

JEAN PIAGET

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A PESPECTIVA DE GEAN PIAGET

A Perspectiva de Jean Piaget


Considerar a aprendizagem da criança pré-escolar em uma perspectiva de Piaget implica,

de imediato, ter em conta que este autor escreveu sobre o desenvolvimento da criança e

não sobre sua aprendizagem. Qual a diferença entre desenvolvimento e aprendizagem?

Para Piaget, a aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida

em função da experiência, seja ela obtida de forma sistemática ou não. O desenvolvimento

seria uma aprendizagem no sentido lato e ele é o responsável pela formação dos

conhecimentos. Sendo assim, Piaget interessou-se muito mais em descrever e analisar o

desenvolvimento da criança do que suas aprendizagens.

Segundo Piaget, a criança pré-escolar encontra-se em uma fase de transição fundamental

entre a ação e a operação, ou seja, entre aquilo que separa a criança do adulto. Além

disso, é uma fase de preparação para o período seguinte (operatório concreto).

Enquanto fase de transição, o que caracteriza o período pré-escolar? Trata-se de um

período com características bem demarcadas no processo de desenvolvimento e que Piaget

chamou de pré-operatório. Este período localiza-se entre o sensório-motor e o operatório

concreto. Suponho ser útil aos professores saberem o que significa cada um destes três

períodos, para poderem apreciar a direção do desenvolvimento psicológico na perspectiva

de Piaget. Saber de onde a criança vem e para onde vai em termos de desenvolvimento é, em

uma perspectiva genética, tão importante quanto saber onde ela está, ainda que um aspecto

não anule o outro.

* Livre-Docente do Instituto de Psicologia da USP.

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O período sensório-motor caracteriza-se pela construção de esquemas de ação que

possibilitam à criança assimilar objetos e pessoas. Além disso, caracteriza-se pela

construção prática das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo, necessárias à

acomodação (ajustamento) destes esquemas aos objetos e pessoas com os quais

interage. Tem-se um processo de adaptação funcional pelo qual a criança regula suas

ações em função das demandas de interação, compensando progressivamente, sempre

no plano das sensações e da motricidade, as perturbações produzidas pela

insuficiência dos esquemas no processo de interação.

O período sensório-motor caracteriza-se por uma inteligência prática, que coordena no

plano da ação os esquemas que a criança utiliza. É a fase caracterizada por um

contato direto, isto é, sem representação, pensamento ou linguagem, da criança com

objetos ou pessoas. Construindo (sempre em termos práticos) seus esquemas de ação

e as categorias da realidade, graças à composição de uma estrutura de grupo de

deslocamentos, a criança vai pouco a pouco diferenciar e integrar os esquemas de

ação entre si, ao mesmo tempo que se separa, enquanto sujeito, dos objetos, podendo,

por isso mesmo, interagir de forma mais complexa com eles. Lembre-se, a este

respeito, a noção de objeto permanente e suas conseqüências no processo de

desenvolvimento.

O acabamento do período sensório-motor coincide com uma novidade extremamente

importante para o desenvolvimento da criança, que é sua nova capacidade de

substituir um objeto ou acontecimento por uma representação. A função simbólica,

para Piaget, é o que possibilita esta substituição e ela significa que, agora, a criança é

capaz de duplicar objetos ou acontecimentos por uma palavra, por um gesto, por uma

lembrança, ou seja, é capaz de evocá-los em sua ausência. Trata-se de uma novidade

importante porque a interação direta, e por isso limitada, ainda que intensa, do

período sensório-motor dá lugar à interação mediada por imagens, lembranças,

imitações diferidas (isto é, na ausência do objeto ou acontecimento), jogos simbólicos,

evocações verbais, desenhos, dramatizações. Esta é a novidade específica do período

pré-operatório: poder representar, ter que substituir objetos ou acontecimentos por

seus equivalentes simbólicos, agir agora "como sé", ou seja, por simulação.

Não é que neste período a criança tenha abandonado o plano da ação em favor da

representação. Os professores de pré-escola sabem muito bem que a criança entre dois e

seis anos explora ativamente pela ação e que sua inteligência se manifesta cada vez mais e

melhor neste plano. O que observamos é, de um lado, uma presença paralela das

representações e, de outro, uma crescente melhoria delas mormente no campo de

regulações perceptivas e intuitivas. Em outras palavras, a criança neste período sofistica a

atividade sensório-motora (corre, pula, afasta-se cada vez mais de seu ambiente familiar,

pode ir e voltar de um lugar a outro com segurança etc.) e ao mesmo tempo constrói

progressivamente a possibilidade e a necessidade de representar ou simular situações.

Como a criança estrutura suas ações no plano das representações no período

pré-operatório? A resposta que Piaget deu a essa pergunta é que, neste período, a

criança estrutura as representações de forma justaposta, sincrética e egocêntrica. Seu

raciocínio é transdutivo e sua compreensão é de natureza intuitiva e semi-reversível. A

justaposição caracteriza-se pelo fato de que a criança liga as palavras, as imagens, as

representações entre si de forma analógica, ou seja, baseada em um assim como

(semelhanças e diferenças) e não em um se... então (implicação). As idéias ficam

colocadas uma ao lado da outra, por contigüidade, mas consistindo em estados e não em

transformações. Não existe, ainda no plano de representação, nenhuma ligação temporal,

causal ou lógica. A criança sabe fazer mas não compreende o que faz, no sentido de poder,

independentemente do corpo, reconstituir o que faz no puro plano da representação, ainda

não sabe organizar (estruturando as partes entre si e formando um todo) suas

representações, como sabe tão bem organizar suas ações. As ligações são, então, de

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natureza, justapostas, isto é, analógicas. Veja-se, por exemplo, as coleções figurais no plano da

classificação ou a separação em grande e pequeno no plano da seriação. O sincretismo é a

tendência de a criança, do período pré-escolar, ligar tudo com tudo, de perceber globalmente,

isto é, não saber discriminar detalhes, de fazer analogias entre coisas sem uma análise

detalhada delas. Daí o caráter egocêntrico deste período, ou seja, é difícil, por falta de recursos

cognitivos, para a criança deste período, sair de seu ponto de vista e considerar, diferenciando

e integrando, os estados e as transformações das coisas.

Tomemos um exemplo clássico de Piaget. A criança, tendo admitido que dois copos iguais têm

a mesma quantidade de água, deixa de pensar assim quando se transvasa o conteúdo de um

deles para outro recipiente de dimensões diferentes (uma tigela, por exemplo). Confunde a

forma dos recipientes (uma dimensão) com quantidade de líquido dentro deles (outra

dimensão), tal que, mudando-se uma, altera-se igualmente a outra, sem que nada tenha sido

acrescentado ou tirado. Ao dizer que tem o mesmo tanto na primeira comparação, antes do

transvasamento, e ao dizer que tem mais na segunda, faz justaposição. Ao confundir as duas

dimensões (forma e quantidade), faz sincretismo. Dois modos diferentes de ser egocêntrica. Seu

pensamento vai, então, de um particular a outro, não sendo capaz de estabelecer ligações entre

os estados. É como se fossem "slides" diferentes e não um "filme", em que a situação anterior e

a seguinte estão ligadas entre si. Daí a criança deste período não ver contradição entre

responder que os dois copos têm o mesmo tanto de água e na situação seguinte, sem que se

tenha tirado ou posto mais água, dizer que tem mais no copo do que na tigela, ou ao contrário.

Para compreender que há o mesmo, isto é, que as transformações na forma (mudança de um

copo para outro) são irrelevantes no que diz respeito à quantidade, que permaneceu a mesma,

a criança há de ser capaz de fazer uma coisa que lhe é ainda impossível no plano da

representação. Poder fazer isto a colocaria no período seguinte - o operatório concreto. Não que

a criança pré-escolar não saiba tirar e pôr: ela põe e tira água de copos muitas vezes, só que

ela faz isso no plano da ação - poder imaginar o tirar e o pôr implicaria poder fazer a ação no

plano apenas virtual, isto é, de uma possibilidade.

A criança sabe representar a ação de tirar ou pôr, mas não sabe ainda "tirar' ou "pôr" mais

água como uma representação, isto é, como uma ação virtual e não mais real. Nós

compreendemos que há o mesmo tanto de água no copo e na tigela porque não se pôs nem se

tirou água; se se tivesse tirado, teria ficado menos ou ao contrário. Supomos uma ação que não

se realizou como um argumento para dizer que ficou igual. Ora, a criança na fase

pré-operatória ainda não é capaz disso, as ações com sentido para ela são as que realiza ou vê

realizar, por isso confunde estados e não acompanha transformações irrelevantes para uma

dada dimensão (a quantidade, no nosso exemplo).

Reversibilidade é a capacidade de considerar simultaneamente uma ação e sua inversa, ou sua

equivalente, ou uma ação realizada e uma não realizada (virtual ou apenas possível). As ações

físicas (materiais), que a criança na fase pré-operatória realiza muito bem, ocorrem

sucessivamente (isto é, uma depois da outra, já que em espaço, tempo, objetos e

acontecimentos definidos) e não ainda simultaneamente, pois para isto ela terá que aprender a

opor uma ação material a uma ação virtual (realizável, mas não realizada naquele momento).

Por isso, Piaget diz que, no período operatório concreto, os estados estão agora submetidos

às transformações reversíveis. Neste sentido, o período pré-operatório é não apenas um

período de transição mas também preparatório, uma vez que é graças a ele que a criança

se prepara, no sentido de construir os recursos que lhe possibilitarão compreender, isto é,

realizar ações mentais (operações reversíveis), operar com símbolos, com valor de coisas.

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APLICAÇÕES À PEDAGOGIA

• As considerações que fizemos acima são de natureza psicológica, ou seja, descrevem o

desenvolvimento da criança no período pré-operatório. O professor precisa mais do que isso:

quer saber o que fazer com estas informações; como derivar delas uma prática pedagógica.

Supomos que esta é uma primeira decorrência: a teoria de Piaget tem um valor de

compreensão do processo de desenvolvimento da criança, ou seja, pode instrumentalizar o

professor a fundamentar sua prática e compreender a importância dela no cotidiano da sala de

aula.

• Julgamos ter considerado, ainda que muito resumidamente, a importância das atividades

sensório-motoras e as de natureza representativa (jogo simbólico, dramatização, linguagem,

memória, imagem mental, desenho) para o desenvolvimento da criança. O ambiente pedagógico

da criança em fase pré-operatória propicia estas atividades espontâneas? Os materiais que o

professor oferece são tais que facilitam a atividade de seriação, classificação, enumeração,

correspondência? A criança dispõe de jogos (mecânicos ou de construção) para que, pouco a

pouco e de modo espontâneo, possa desenvolver suas noções de causalidade? O professor

desperta a curiosidade da criança e estimula a pesquisa por parte dela com os materiais? O

professor faz perguntas, desencadeia problemas ou dá soluções? O professor busca novas

maneiras de estimular a atividade da criança e muda de método à medida que ela coloca novas

perguntas ou imagina novas soluções? Quando as soluções da criança são erradas ou

incompletas, o professor propõe contra-exemplos ou atividades alternativas e sugestivas ao

problema, tal que a criança possa encontrar novas soluções por meio de sua própria atividade?

Nota: Para Piaget, um dos principais objetivos da educação pré-escolar deveria ser o de

ensinar a criança a observar os fatos cuidadosamente, em especial quando estes são contrários

aos previstos por ela. Em outras palavras, observar, perguntar, interpretar e registrar (ao modo

da criança deste período, obviamente) são atividades fundamentais, no pensar de Piaget.

• A natureza preparatória e transitiva do período pré-escolar indica a importância de as

crianças deste período terem muitas atividades com seus pares, ou seja, é fundamental a

formação de grupos de crianças, coordenadas ou não pelo professor, mas de preferência sem a

interferência deste, tal que possam, entre si, brincar, falar, discutir, resolver problemas

práticos. A passagem da ação à operação exige a possibilidade de a criança reconstruir suas

ações no plano da representação, descentrar-se de seu próprio ponto de vista ou de sua ação e

enfrentar o julgamento e aceitar a cooperação do grupo. Por isto, Piaget considera que o

segundo aspecto importante da educação pré-escolar é o desenvolvimento de habilidades de

comunicação. Isto é, agora não basta mais à criança realizar as ações, é preciso que ela fale

delas para outrem, que as reconstitua por via narrativa e que aprenda a descrevê-las; em

palavras, quadros e desenhos. Por isto, tanto do ponto de vista da socialização da criança como

de seu desenvolvimento intelectual, é importante que tenha experiência de trabalho em equipe.

• Defender a atividade espontânea da criança, a vida em grupo, a manipulação e a

experimentação com materiais não significa que o professor deva ser permissivo e passivo

diante delas. Não significa também dar-lhes lições e usar de sua autoridade para determinar o

curso dos acontecimentos. Como diz Piaget, "compreender sempre significa inventar ou

reinventar e cada vez que o professor dá uma lição, ao invés de possibilitar que a criança aja,

impede que ela invente as respostas".*

* PIAGET, Jean. Como se desarrolta lamente del nino. In Los anos postergados: la primera infancia, p. 69.

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• Mas o que se reivindica para a criança há, também, de ser reivindicado ao professor. Ou

seja, tem ele liberdade e responsabilidade para inventar ou experimentar suas próprias

técnicas, para defender seus pontos de vista? A autonomia da criança e seu desenvolvimento

no sentido de formar um pensamento operatório, reversível, graças ao qual poderá

compreender e optar, determinando seu destino, só é possível se o professor puder desenvolver

também sua própria autonomia, se ele puder falar e defender seus pontos de vista e sua

experiência na sala de aula. Por isto, me agradam o objetivo e a forma deste encontro. Práticas

governamentais que determinam o que o professor deve fazer na sala de aula, a teoria vigente

para explicar e compreender o desenvolvimento, apesar das boas intervenções promover a

melhor educação da criança - pode resultarem fracasso. Espero, por isto, que ao lado deste

texto, o professor possa escrever o seu, tirado de sua experiência e reflexão sobre sua prática, e

que, ao fazer isto, corrija, aperfeiçoe, acrescente e reformule ambos os textos.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PIAGET E O DESENVOLVIMENTO MORAL NA CRIANÇA


Jean Piaget, a partir de observações minuciosas de seus próprios filhos e de várias outras crianças concluiu que estas, ao contrário do que se pensava na época, não pensam como os adultos: certas habilidades ainda não foram desenvolvidas.

Para ele, os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá construir seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, podemos concluir que esse processo requer tempo.

Para que estas interações aconteçam, há a ocorrência de processos de organização interna e adaptação e essa ocorre na interação de processos denominados assimilação e acomodação. 

Os esquemas de assimilação se modificam de acordo com os estágios de desenvolvimento do indivíduo e consistem na tentativa destes em solucionar situações a partir de suas estruturas cognitivas e conhecimentos anteriores. Ao entrar em contato com a novidade, retiram dele informações consideradas relevantes e, a partir daí, há uma modificação na estrutura mental antiga para dominar o novo objeto de conhecimento, gerando o que Piaget denomina acomodação.

Piaget, ainda, argumenta que o desenvolvimento da moral abrange três fases, denominadas:

anomia (crianças até 5 anos): geralmente a moral não se coloca, com as normas de conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas. Porém, quando as regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência do que se é certo ou errado. Um bebê que chora até que seja alimentado é um exemplo dessa fase.

heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade): O certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta. Um homem pobre que roubou um remédio da farmácia para salvar a vida de sua esposa está tão errado quanto um outro que assassinou a esposa, seguindo o raciocínio heteronômico.

autonomia: legitimação das regras. O respeito a regras é gerado por meio de acordos mútuos. É a última fase do desenvolvimento da moral.

Tendo conhecimento que as crianças e adolescentes seguem fases mais ou menos parecidas quanto ao desenvolvimento moral, cabe ao educador compreender que há determinadas formas de lidar com diferentes situações e diferentes faixas etárias. Cabe a ele, ainda, conduzir a criança na transição anomia - heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual.

Por Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola

domingo, 24 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Epistemologia genética

A Epistemologia Genética defende que o indivíduo passa por várias etapas de desenvolvimento ao longo da sua vida. Para Piaget, a aprendizagem é um processo que começa no nascimento e acaba na morte. A aprendizagem dá-se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação. Segundo este esquema, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. Uma vez que os dados são adaptados a si, dá-se a acomodação. Para Piaget, o homem é o ser mais adaptável do mundo. Este esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é influenciado por aquilo que já tinhamos aprendido. Tornou-se um dos homens mais dedicados do mundo com o interacionismo de Lev Vygotsky. Piaget somente veio a conhecer as pesquisas de Vygotsky muito depois da morte deste. Originalmente um biólogo, com a especialização em moluscos do Lago Genebra, fez seus estudos de psicologia do desenvolvimento inicialmente observando como seus filhos cresciam e entrevistando milhares de outras crianças.

As teorias de Piaget de desenvolvimento psicológico mostraram-se muito influentes. Entre outros, o filósofo e cientista social Jürgen Habermas as incorporou em seu trabalho, mais notadamente em A Teoria da Ação Comunicativa. O historiador da Ciência Thomas Kuhn e o pensador marxista Lucien Goldmann tiveram em Piaget um interlocutor importante. A influência de Piaget na pedagogia é notável ainda hoje, principalmente através da obra de Emília Ferreiro sobre a alfabetização. No Brasil, suas idéias começaram a ser difundidas na época do movimento da Escola Nova, principalmente por Lauro de Oliveira Lima.

Piaget também teve uma considerável influência no campo da ciência da computação. Seymour Papert usou o trabalho de Piaget como fundamentação ao desenvolver a linguagem de programação. Logo Alan Kay usou as teorias de Piaget como base para o sistema conceitual de programação Dynabook, que foi primeiramente discutido em Xerox PARC. Estas discussões levaram ao desenvolvimento do protótipo Alto, que explorou pela primeira vez os elementos do GUI, ou Interface Gráfica do Usuário, e influenciou a criação de interfaces de usuário a partir dos anos 80.

Teoria

Através de várias observações com seus filhos, e principalmente com outras crianças, Piaget deu origem à Teoria Cognitiva, onde demonstra que existem quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: Sensório-motor, Pré-operacional, Operatório concreto e Operatório formal.



terça-feira, 19 de janeiro de 2010



PIAGET

  • O pai de Piaget, Arthur Piaget, era professor de literatura.

  • Piaget com apenas 10 anos publicou, em Neuchâtel, um artigo sobre um pardal branco.

  • Aos 22 anos, Piaget já era doutor em Biologia.

  • Piaget escreveu cerca de 70 livros e 300 artigos sobre Psicologia, Pedagogia e Filosofia.

  • Piaget casou-se com uma de suas assistentes, Valentine Châtenay.

  • Observando seus filhos, desvendou muitos dos enigmas da inteligência infantil.

  • Vygotsky prefaciou a tradução russa de A Linguagem e o Pensamento da Criança, de Piaget, de 1923.

  • Vygotsky e Piaget não se conheceram pessoalmente.

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO

De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.

Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de ESTÁGIOS que seguem idades mais ou menos determinadas. Todavia, o importante é a ordem dos estágios e não a idade de aparição destes.

A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.

Exemplos:
O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si. Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.

Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica . Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor).
A criança deste estágio:

  • É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro.
  • Não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês").
  • Já pode agir por simulação, "como se".
  • Possui percepção global sem discriminar detalhes.
  • Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

Exemplos:
Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.

A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração.
desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade).

Exemplos:
despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a ação.

A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.
Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todoas as classes de problemas.

Exemplos:
Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.

Observação: a maioria dos exemplos foram retirados da reportagem "Jean Piaget", escrita pela jornalista Josiane Lopes, da revista Nova Escola, ano XI, nº 95, de agosto de 1996.

TEORIA DE PIAGET

A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou conhecimento. Em outras palavras, uma vez que a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma acomodação e após, uma assimilação e o equilíbrio é, então, alcançado.

Josiane Lopes, (revista Nova Escola - ano XI - Nº 95), cita que para quando o equilíbrio se rompe, o indivíduo age sobre o que o afetou buscando se reequilibrar. E para Piaget, isso é feito por adaptação e por organização.

Esquema:

Autores sugerem que imaginemos um arquivo de dados na nossa cabeça. Os esquemas são análogos às fichas deste arquivo, ou seja, são as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente organizam o meio.
São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que tornam-se cada vez mais refinadas à medida em que a criança torna-se mais apta a generalizar os estímulos.
Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são derivados dos esquemas sensório-motores da criança e, os processos responsáveis por esses mudanças nas estruturas cognitivas são assimilação e acomodação.


Assimilação:

É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento, ...) a um esquema ou estrutura do sujeito.
Em outras palavras, é o processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliação de seus esquemas.
Na assimilação o indivíduo usa as estruturas que já possui.


Acomodação:

É a modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado.
A acomodação pode ser de duas formas, visto que se pode ter duas alternativas:
  • Criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou
  • Modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído nele.

Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estímulo no esquema e aí ocorre a assimilação.

Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para tentar assimilá-lo.

O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.


Equilibração:

É o processo da passagem de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio. Uma fonte de desequilíbrio ocorre quando se espera que uma situação ocorra de determinada maneira, e esta não acontece.